A prefeitura de Itaberaba através da Secretaria Municipal de Educação reuniu, nesta quarta-feira (13), na Universidade Aberta do Brasil (UAB), cerca de 80 coordenadores e professores de Língua Portuguesa da rede municipal de ensino para participarem de oficinas formativas sobre o ensino da língua com foco na leitura e produção de texto. O curso teve como objetivo avaliar os resultados do diagnóstico de leitura, sistema de escrita e produção textual e orientar os profissionais para trabalhar com os estudantes dos anos finais da educação básica, tanto os não alfabéticos quanto os alfabétic os que apresentam dificuldades em leitura e escrita.
As oficinas foram ministradas pela pedagoga e especialista em Política do Planejamento Pedagógico – currículo, didática e avaliação, Elisiane Moreira de Sousa e pela especialista em estudos linguísticos e literários, Elionai Brito. As palestrantes apresentaram propostas de atividades para serem aplicadas em sala de aulas, incluindo vivência de leitura com os alunos que não tem domínio da língua escrita. Foram apresentadas também propostas de intervenções didáticas para o avanço do sistema de escrita através do gênero literário.
O diagnóstico sobre leitura, sistema de escrita e produção de texto foi realizado coletado nos meses de março e abril de 2022 e revelou que boa parte dos alunos dos anos finais do ensino fundamental ainda tem dificuldade e o período do isolamento social em decorrência da Covid-19, aprofundou a defasagem do aprendizado. A ideia de reunir em um mesmo curso de formação professores de anos iniciais e de anos finais foi a de possibilitar a interação entre os que lidam diretamente com a alfabetização e os que trabalham com conteúdos mais complexos.
A pedagoga Elisiane de Sousa sugere que uma boa estratégia para corrigir essa defasagem no aprendizado da leitura e da escrita é trabalhar com lista de campo semântico, ou seja, lista de palavras que de mesmo significado como lista de frutas, por exemplo . Segundo Elisiane, a lista de campo delimita palavras que os alunos irão sugerir e dão tempo para fazer a marcação silábica enquanto são escritas as palavras, a leitura e a problematização com palavras parecidas, além de trabalhar o foco na hora da escrita para escolher as letras adequadas para escrever. Essa dinâmica, de acordo com a pedagoga, precisa acontecer em uma sequência de qual lista os alunos devem escrever, em seguida os alunos ditam as palavras que serão escritas, com atenção para a formação de cada sílaba. Depois de escrever todas as palavras, uma debaixo da outra, deve ser feita a leitura e o professor pergunta ao aluno onde estão escritas cada palavra e pedir que o aluno justifique a escolha. Em seguida o professor propõe atividade na qual os alunos possam refletir sobre o que aprenderam e montar algumas palavras com apoio de alfabeto m&o acute;vel, quadrinho, cruzadinha, caça-palavra, ditados e atividades que possam ser feitas em duplas.
Elisiane de Sousa – especialista em Política do Planejamento Pedagógico ministra palestra no curso para professores de Língua Portuguesa
Os participantes do curso discutiram sobre a necessidade de trabalhar com o currículo essencial como estratégia de adaptação de conteúdo, Ano e currículo. Para os professores o que é essencial no currículo da Língua Portuguesa é focar na formação de leitores e escritores com o uso social da Língua. É importante entender que os adolescentes passam maior parte do tempo estudando e se relacionando com o mundo a sua volta, por isso o professor deve trabalhar com gêneros textuais que atendam às necessidades reais dos estudantes.
Segundo Elionai Brito, é fundamental pensar os métodos de avaliação considerando os aspectos específicos de cada estudante e o contexto de vida social de cada um. “Não muito é mais adequado o uso da palavra “correção” no processo de formação de leitores e escritores, o ideal é utilizarmos o termo “avaliação” porque ela é mais ampla e requer um olhar mais complexo para o desenvolvimento intelectual dos estudantes. Nós não corrigimos as atividades, nós avaliamos o processo de aprendizagem”, pontuou a professora.
Elionai Brito falou também sobre a importância de estimular no aluno o poder de argumentação na produção de textos. A proposta da especialista é que os professores levantem discussões em sala sobre temas que levem os adolescentes a exercer o senso crítico. Segundo Elionai isso é possível quando o tema afeta a vida deles ou estejam bem próximos do ambiente onde eles vivem ou convivem. Um exemplo é falar sobre a redução da maioridade penal em uma escola onde tenha acontecido alguma situação de conflito entre um adolescente da mesma escola e a justiça. Esse tipo de abordagem, segundo a professora, tem muito mais chance de estimular a argumentação do aluno.
Elionai Brito – especialista em Estudos Linguísticos e Literários, contribui no curso de Formação para professores de Língua Portuguesa
A professora Lara Meira que trabalha com anos finais na Escola João Almeida Mascarenhas e participou do curso, destacou a aplicabilidade de métodos e dos conteúdos ministrados durante a formação. “Os conteúdos apresentados hoje foram dinâmicos e trazem uma aplicabilidade bem real. Os palestrantes conseguiram unir teoria e prática apontando os caminhos de maneira prática para nós professores executarmos na sala de aula”, contou Lara.
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Boa formação