Com os objetivos de conhecer a realidade local das escolas indígenas, bem como os projetos e todo o trabalho pedagógico que envolve a cultura escolar indígena do Município de Porto Seguro, um grupo de professores, pesquisadores e mestrandos do Programa de Pós-Graduação em Ensino, Linguagem e Sociedade (PPGELS) da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), do Campus de Caetité, participou de um encontro com representantes da Educação Escolar Indígena da Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Patrimônio Histórico (SEDUC), no dia 1º de junho, na sede da SEDUC. Durante o encontro, foi ministrada uma palestra pelo coordenador técnico pedagógico do setor, Ângelo Pataxó, onde abordou, entre outros assuntos, a ocupação da Costa do Descobrimento pelo povo pataxó numa perspectiva cultural e histórica.
Na abertura do evento, o supervisor pedagógico da SEDUC, Epaminondas Castro, explanou que parte da sociedade possui uma noção errônea acerca dos povos originários. “Muitos esperam ver a comunidade indígena cristalizada no tempo, como se os indígenas estivessem que estar com lança e tacape e não trajando calça jeans e portando telefone celular”, salientando que a educação escolar indígena se dá em outra dinâmica, além do ensino regular. Ele destacou também a importância do componente Diversidade Afrodescendente e Indígena (D.A.D.I), que aborda em sala de aula as questões identitárias e sociais, como o racismo e o combate a todas as formas de discriminação racial.
Já Ângelo Pataxó, durante a palestra, informou que, segundo o Censo de 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem no Brasil 305 etnias indígenas, com 274 línguas, sendo a Bahia o estado com a terceira maior população indígena autodeclarada. Sobre a questão fundiária que permeia o debate sobre os povos originários em âmbito nacional, ele enfatizou que os indígenas não falam de terra em si, mas de território, o que abrange a cosmologia, cultura e língua desses povos. “Os pataxós sempre habitaram a nossa região, mas não eram aldeados. Em 1861, o presidente da Bahia (cargo equivalente a governador) estabelece o primeiro aldeamento, que é hoje chamado de Aldeia Velha ou Aldeia Mãe”. Além desse tema, ele comentou ainda diversos aspectos que envolvem a política indigenista e a educação escolar indígena em Porto Seguro.
Para a professora da UNEB Eliana Carvalho, o encontro foi muito proveitoso. “Para nós, foram muito enriquecedoras as informações trazidas pelo Ângelo. Além disso, as ações da SEDUC junto aos povos originários nos surpreenderam, devido a intenção de manter viva e divulgar a cultura desses povos, de forma autêntica”.
Foto: Divulgação.
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