Foto: Divulgação
O investimento na formação educacional direcionado aos internos do sistema carcerário, em uma parceria entre as secretarias da Administração Penitenciária e Ressocialização (SEAP) e da Educação (SEC), vem abrindo portas e permitindo uma nova perspectiva para a vida fora do cárcere, além do benefício de progressão da pena. É o que acontece no Colégio Estadual Doutor Berlindo Mamede de Oliveira, da Colônia Penal de Simões Filho, onde os internos estão se preparando para o Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (ENCCEJA), que acontece nos próximos dias 17 e 18 de outubro, e o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), em novembro.
“Os programas educacionais podem ser um caminho importante para preparar os detentos para um retorno bem-sucedido à sociedade”, revela a coordenadora pedagógica da unidade escolar, Valuza Santana, ressaltando que, a cada três dias estudados (12 horas), os detentos têm um dia de diminuição da prisão. Dos 78 matriculados na modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA), 58 internos estão se preparando para o ENCCEJA e 24 para o ENEM, com a realização de simulados e a correção das provas junto com os alunos.
Para o recluso E.J.L.P, o estudo é como uma janela que se abre para o futuro. “Além da remissão, passamos a ter um horizonte. De repente, ao conseguir atingir uma nota de 600 pontos no ENEM, como aconteceu comigo, posso sonhar, por exemplo, em estudar Direito. Quanto mais pontos, melhoramos a chance de ter uma bolsa de estudos no SISU”, avalia, ressaltando também que “o ENCCEJA e o ENEM é um direito de todos e, com a conquista do diploma, a estrutura de vida da pessoa melhora e facilita também a conquista de um emprego”.
Livros para voar – Em uma parceria com as universidades estadual (UNEB) e federal (UFBA), os alunos são estimulados a viajar pelo universo dos livros, por meio de projetos, como o “Livros para voar”. “Muitos têm o primeiro contato com uma biblioteca aqui na Colônia Penal. O acesso à leitura passa a ser um diferencial em suas vidas, proporcionando uma transformação, inclusive na autoestima deles, que se enchem de esperança para se reintegrarem na sociedade”, explica Valuza Santana. É oferecido um livro para leitura a cada mês, totalizando 12 ao ano, que possibilita a redução da pena em quatro dias.
“Não é sorte acertar uma questão de prova, mas sim prestar atenção ao que o professor passa em sala de aula e ler entendendo o que está sendo lido. Tudo isso é um aprendizado. A leitura constrói um caminho mais seguro”, avalia o detento. Seu colega no projeto, L.F.A., considera a leitura como um aprendizado a mais. “O projeto é muito bom porque, com a leitura, saio do ambiente onde me encontro, e me encontro no livro. Gosto de temas de aventuras e espíritas. Os livros de Zíbia Gasparetto são os que mais gosto de ler”, declara, se referindo à escritora espiritualista brasileira.
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