Educação antirracista e violência contra a mulher são temas de formação continuada em Conquista

Formação em Vitória da Conquista

 

A Secretaria Municipal de Educação (Smed) de Vitória da Conquista, por meio do Núcleo Pedagógico, deu início à formação continuada para professores das turmas regulares dos Anos Finais e Educação de Jovens e Adultos (EJA), com os temas transversais “Educação Antirracista” e “Violência contra a mulher”. 

 

 

 

 

O evento, realizado no Centro de Formação Educacional Professor Raymundo Vianna, contou com a participação das secretarias municipais de Desenvolvimento Social (Semdes), através da Coordenação de Promoção da Igualdade Racial, e de Políticas para Mulheres (SMPM). Participaram cerca de 100 educadores da área de linguagens.  

 

 

 

 

 

De acordo com a coordenadora dos Anos Finais do Núcleo Pedagógico, Solange Feliciano, a escolha das temáticas se deu a partir da necessidade de trazer para o dia a dia dos alunos e professores, a discussão sobre a violência de gênero pela qual perpassa a educação antirracista; e também como antídoto, porque, muitas vezes, a violência de gênero também possui a camada racial. 

 

 

 

 

“A cada dois meses a gente realiza uma formação continuada com um tema transversal. Este mês, esses dois temas foram os escolhidos e convidamos a Semdes e a SMPM para enriquecer o debate, porque entendemos a importância de cada um deles, especialmente no combate que pode começar dentro da sala de aula”, disse. 

 

 

 

 

Na oportunidade, foi apresentado o projeto “Vozes das Pretas”, com o tema  “Narrativas das Carolinas nos diversos quartos da vida” a ser trabalhado também nas salas de aula. As idealizadoras da iniciativa, que fazem parte da Coordenação EJA Diversidade, são as professoras Elisabet dos Santos e Aldina dos Santos. 

 

 

 

 

A inspiração se deu a partir da narrativa da autora Carolina Maria de Jesus “Quarto de Despejo: diário de uma favelada”, uma literatura de testemunho na qual Carolina expõe a realidade em que vive e reflete sobre ela. A obra foi publicada em 1960 com auxílio do jornalista Audálio Dantas. 

 

 

 

 

“Essa literatura vem na perspectiva de trazer outras obras literárias para serem trabalhadas nesse espaço de ensino de jovens e adultos, os quais se assemelham nesse sentido de pertencimento da sua identidade, da sua história de vida, que reflete em outros aspectos da nossa vida social como um todo. A partir daí, também surge a possibilidade de se trabalhar também as vozes invisibilizadas na história de Conquista proporcionando essa visibilidade”, explicou Aldina. 

 

 

 

 

Educação Antirracista

 

Palestrante e educadora social da Coordenação de Promoção da Igualdade Racial, Keu Souza afirmou a importância de trabalhar a temática em sala de aula, partindo da formação de professores. 

 

 

 

 

“Essa agenda antirracista é urgente e necessária para os negros e os não negros. Pensar em um resgate de memória de uma sociedade que se formou sob a violência da escravidão, que operou o apagamento e a invisibilidade ainda não superado, porque a gente tem outros modelos de escravização que colocam os negros e negras em lugares subalternos, de dificuldade de garantia inclusive da dignidade humana”. 

 

 

 

 

“Aí você tem esse projeto apresentado para educadores, que são agentes de transformação, que trabalham com a produção do conhecimento, chamando-os para uma educação antirracista. A negritude está dentro das escolas, seja através dos alunos, dos professores, seja através do corpo de apoio da instituição, e esse projeto vem para romper o silenciamento muito grande, além de trazer visibilidade e reconhecimento, que é urgente em nossos dias”, acrescentou. 

 

 

 

 

A necessidade da educação antirracista nas salas de aula também é um entendimento da professora Tamyres Andrade dos Santos, que viu na formação a oportunidade de ampliar o conhecimento para reverberar para os alunos. 

 

 

 

 

“Eu me reconheço como mulher parda e às vezes a gente se sente sem lugar de fala na sala de aula. Então ter uma exposição como essa aqui, que traz essa reflexão sobre a diversidade para a gente dialogar e construir juntos, é importante porque amplia a visão da gente para trabalharmos melhor esse tema com os alunos, ainda mais se considerarmos que a maioria são negros e não se reconhecem como negros dado o racismo estrutural e estruturante”, disse a professora de inglês que atua na Zona Rural do município.  

 

 

 

Agosto Lilás

 

 

 

Representando as Coordenações de Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres e de Autonomia e Políticas Transversais para Mulheres ligadas à Secretaria Municipal de Políticas para Mulheres, estavam presentes a gerente de Políticas para Mulheres, Leiciane Brito, e a psicóloga do Centro de Referência Albertina Vasconcelos (Crav), Mariana Souza, que realizaram uma palestra sobre o Agosto Lilás – Campanha de Conscientização pelo Fim da Violência Contra a Mulher – e os tipos de violência. 

 

 

 

Segundo a psicóloga Mariana Souza, quando um professor compreende as nuances do assunto pode não só perpetuar a conscientização em sala de aula como também pode perceber e interferir de alguma maneira caso alguma aluna ou, até mesmo, criança que convive com mulheres em situação de violência passem a apresentar mudanças no comportamento. 

 

 

 

 

“Neste mês em que é comemorado 19 anos da Lei Maria da Penha estamos percorrendo instituições e grupos para tratar sobre o tema, falar sobre o enfrentamento da violência, quais os tipos, para que a gente consiga ampliar o número de pessoas que contribuam não só com o combate, mas também intercedendo em casos necessários”, relatou a profissional. 

 

 

 

 

A programação do Agosto Lilás segue até o fim do mês com uma programação diversa com rodas de conversa, sensibilizações, balcão informativo, entre outros.

 

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