Seduc do município de Porto Seguro lança campanha “Identidades Brasileiras: Autodeclare-se!”

No cenário educacional contemporâneo, a relevância das questões étnico-raciais adquire cada vez mais destaque, influenciando políticas públicas e moldando as bases do financiamento educacional. Nesse contexto, a Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Patrimônio Histórico (Seduc), do município de Porto Seguro, lançou a campanha “Identidades Brasileiras: Autodeclare-se!” em um evento que aconteceu no auditório do Colégio Municipal de Porto Seguro, realizado na última sexta-feira (25).

A iniciativa visa, primordialmente, fomentar a conscientização dos estudantes sobre a importância da autodeclaração de sua raça ou cor, constituindo um elemento fundamental para o cumprimento de requisitos municipais, como os estabelecidos no Programa Valor Aluno Ano por Resultados (VAAR), interligado ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). O evento contou com a presença dos diretores, coordenadores pedagógicos e professores de Geografia.

No encontro, o supervisor pedagógico e professor Epaminondas Castro, ressaltou que os espaços de poder, incluindo o ambiente da sala de aula, devem ser concebidos como palcos de transformação e revolução social. “Recentemente, através da política de cotas raciais nas universidades, as pessoas pretas e pardas passaram a ter espaço na academia. Antes, eram meros espectadores que num universo de aproximadamente 31 mil estudantes, pouco mais da metade desse contingente se autodeclara como negro, pardo, branco ou de outra etnia e que, muitas vezes, não assumir a própria cor faz parte de uma construção social, em que o indivíduo enxerga nesse comportamento um tipo de resistência ao racismo e a outras formas de discriminação”, pontuou.

Com uma perspectiva indígena, referindo-se aos dados do IBGE que apontam um aumento significativo na população indígena, passando de 800 mil em 2010 para cerca de 1,6 milhão no último censo, o coordenador técnico do setor de Educação Escolar Indígena da Seduc, Ângelo Pataxó, associou esse crescimento ao despertar da consciência entre as pessoas em relação às suas raízes e identidades indígenas. Em meio a esse crescimento populacional, Pataxó enfatizou a urgência de políticas públicas abrangentes. “Porto Seguro é uma cidade que tem um número populacional indígena significativo. Esse reconhecimento genuíno das raízes é fundamental para avançar em direção a uma educação mais sólida e uma qualidade de vida aprimorada”, destacou.

A coordenadora técnica do setor de relações étnico-raciais, Gilmara Menezes, encerrou o discurso direcionando o foco para a relevância intrínseca da campanha, não apenas para a retificação dos dados no Censo Escolar 2023, mas também para o exercício pleno da cidadania. Ela afirmou que a jornada em busca de uma igualdade real e da superação do racismo requer empenho constante, reconhecendo a persistência de desafios enraizados após mais de três séculos de escravidão. O caminho é árduo e, como Gilmária Menezes expressou durante o evento, a luta contra o racismo é uma busca contínua que demanda comprometimento de todos os setores da sociedade.

Diante deste cenário, a campanha surge com o objetivo de conscientização, acendendo discussões e reflexões fundamentais para o avanço rumo a uma sociedade mais justa e igualitária, onde as identidades étnico-raciais sejam não apenas celebradas, mas também integradas plenamente nas estruturas educacionais e sociais.

 

 

Foto: Divulgação

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