Transtornos de aprendizagem e a educação inclusiva: como o Proap tem contribuído para o desenvolvimento de crianças com necessidades especiais em São Francisco do Conde

O Programa de Atenção, Acompanhamento Pedagógico e Psicossocial a Alunos e Professores – Proap, faz parte da Secretaria da Educação – SEDUC do Município de São Francisco do Conde. É um programa que se iniciou há mais de 10 anos com objetivo de proporcionar uma educação inclusiva para as crianças que possuem algum tipo de distúrbio ou transtorno de aprendizagem.

O programa foi criado com base na identificação de um número considerável de crianças com dificuldades de aprendizagem nas escolas, as quais frequentavam as aulas mas não estavam aprendendo nem se desenvolvendo. Nesse sentido, houve a necessidade de trabalhar de forma específica com as crianças que estavam tendo essas dificuldades, para entender o que estava impedindo e aplicar um tratamento adequado.

Inicialmente o projeto tinha uma estrutura diferente da atual, tanto relacionado a maneira como atuava e em equipe que possuía. Funcionava em uma pequena sala dentro da própria Secretaria da Educação, com poucos profissionais da área. Com o passar do tempo, essa estrutura foi se desenvolvendo e passou a ter um local próprio e uma equipe multidisciplinar formada por profissionais especializados no assunto.

“Devido às necessidades das crianças e das escolas, percebi que elas precisavam de uma equipe multidisciplinar para trabalhar e avaliar o porque que nas escolas haviam intervenções e as crianças não aprendiam, então foi necessário aumentar a equipe, incluindo outros profissionais”, relatou a psicopedagoga Marly Costa, que foi uma das profissionais que participou do desenvolvimento do projeto.

Hoje o Proap conta com uma equipe de 22 profissionais, dentre eles estão: psicólogos, pedagogas, psicopedagogas, neuropedagogas, neuropediatras, assistente social, fonoaudiólogos, arteterapeuta, terapeuta ocupacional, fisioterapeutas, musicoterapeuta e psicomotricista.

Juntos, os profissionais realizam um trabalho com grande impacto positivo para as crianças e suas famílias, isso porque conseguem estimular um maior desenvolvimento por parte das crianças.

Todo trabalho é feito em parceria com a escola e com a família, para que estes saibam lidar com as dificuldades de cada criança e possam trabalhar de forma mais efetiva com elas, permitindo que as atividades se estendam além do consultório, o que é essencial para o avanço.

O principal objetivo do programa é inserir essas crianças na sociedade, atuando num contexto psicossocial e escolar. Partindo desse princípio, em prol de uma educação de qualidade para todos, o Proap proporciona um suporte fundamental aos estudantes.

“Na escola o professor não tem condições de chegar em uma sala de aula com 15 alunos e filtrar quem tem algum problema de fato, ele pode perceber certa dificuldade, mas não fazer uma intervenção. Então esse professor encaminha a demanda para o Proap e a equipe multidisciplinar irá realizar a intervenção com a criança para se ter um diagnóstico, feito isso, o tratamento adequado será trabalhado com a criança e com o professor, capacitando esse professor para atender essa criança, da forma como ela aprende, esse é o papel do Proap”, disse Simone Guimarães, neuropsicóloga que compõe a equipe.

Atualmente cerca de 380 crianças estão sendo atendidas pelo Proap, dentre elas estão distúrbios como o TEA (Transtorno do Espectro Autista), disortografia, discalculia, dislexia e o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH).

Sala de Acolhimento à Família

A Sala de Acolhimento foi um espaço pensado para a troca de experiências, principalmente entre as mães, que em sua maioria acompanham os filhos nos atendimentos. Foi um espaço desenvolvido dentro do programa com o intuito de ajudar no processo de aceitação da condição da criança, o que muitas vezes se torna algo difícil, buscando também contribuir com aprendizados que irão ser essenciais para que seja possível dar continuidade em casa a atividades que são importantes para essas crianças.

Esse espaço fica sob a responsabilidade da Assistente Social Maria Eulinda de Oliveira e da Pedagoga Rosemary Peixoto, que realizam um trabalho enriquecedor para essas famílias, através de oficinas que estimulam a interação e a troca de informações, se tornando uma atividade terapêutica.

Nesse espaço, por meio da utilização de sucata, também são desenvolvidos jogos didáticos, que além de ter a possibilidade de serem reproduzidos em casa, com base em material reciclado e sem custos, podem ser utilizados para contribuir com o aprendizado e desenvolvimento da criança, trabalhando a parte motora e vocal. Nesse sentido, a sala de acolhimento tem sido um apoio fundamental para as famílias.

“A partir do momento em que estamos ali trabalhando, interagindo e trocando ideias, a mente está distante dos problemas do dia a dia, que todos nós temos, então é uma forma de minimizá-los, sendo uma atividade terapêutica”, destacou a Pedagoga Rosemary.

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